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O Livre Mercado & as (in)consequências da ânsia pelo lucro máximo

“Após 127 anos de funcionamento, a tradicional loja A Guitarra de Prata foi despejada pelo banco Opportunity dono de 18 casarões na rua da Carioca. o reajuste do aluguel pedido à loja foi de mais de 100% – de R$ 7 mil para R$ 15 mil.” (trecho da matéria “Especulação Imobiliária fecha loja no Rio“)

Nunca é demais mostrar as consequências do liberalismo econômico inconsequente. 

O mercado nunca salva. Sem regras, destrói tudo o que não sacia sua sede de lucro. O mercado sempre espolia ao máximo. Não tem racionalidade, nem instinto de preservação em relação à nada. O mercado, representando aqui toda força econômica movida pela ideia fixa de “aumentar a taxa de lucro”. Os parasitas ao menos se ocupam em não tentar matar o hospedeiro. Os evolucionistas explicam isso. Por isso cabe deixar claro que o Estado deve impor regras econômicas, tanto do intuito de promover crescente justiça social quanto proteger a sociedade da ganância excessiva de alguns setores da sociedade.

O que estamos assistindo no mercado imobiliário brasileiro é um bom estudo de caso disso. A expectativa de ganho dos locatários e imobiliárias está completamente dissociada do restante da economia do país. Alguém acha 100-150% de reajuste num novo contrato de aluguel compatível com a realidade econômica mundial e nacional?

Quando uma parte da sociedade impõe prejuízos sociais como produto de suas práticas econômicas (nesse caso a gentrificação e a destruição da memória que acompanha a espoliação) não deve ser freiada pela ação regulatória do Estado? Seja por regulação, tombamento, desapropriação, enfim.

Ou o mercado conseguirá produzir algo diferente da indissociável violência em todas os círculos sociais que produz hoje? Difícil.

Alguém vê outra solução?

Post na íntegra

ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA FECHA LOJA NO RIO

Após 127 anos de funcionamento, a tradicional loja A Guitarra de Prata foi despejada pelo banco Opportunity dono de 18 casarões na rua da Carioca. o reajuste do aluguel pedido à loja foi de mais de 100% – de R$ 7 mil para R$ 15 mil.
 
Foi também a especulação imobiliária que extinguiu outro comércio: a livraria São José, um tradicional sebo dotado de uma invejável coleção de livros que  há 74 anos funcionava no mesmo ponto, o aumento do aluguel  foi de 150% – de R$ 8 para R$ 20 mil.
 
O bar Luiz, também com 127 anos, foi resgatado pela prefeitura, o seu aluguel foi  aumentado de 10 para 35 mil,  mas a prefeitura comprou o prédio para resgatar o bar.
 
Interessante que estes comércios resistiram:
Fim da Monarquia
2 guerras mundiais
Crise de 29 
Revolução Constitucionalista
Ditadura Militar
Crise do petróleo
Moratória do Brasil
Década perdida
Hiperinflação
Mas… não resistiu a especulação imobiliária
E nós? Será que resistiremos??”